domingo, 6 de julho de 2008

Correio Braziliense - "Qualificação, o verdadeiro tempero"

TRABALHO & FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Qualificação, o verdadeiro tempero
Aprendizado pela prática é coisa do passado. Quem quer fazer carreira na gastronomia precisa investir cada vez mais em bons cursos. Em Brasília, a oferta é variada, de formação de garçom a chef de cozinha

Priscila Mendes Da Equipe do Correio
Brasília, domingo, 06 de julho de 2008
Monique Renne/Esp. CB/D.A Press

Francisco acumula as funções de barman e barista
no Dom Francisco e sonha com o cargo de sommelier
Nem mesmo a tão antiga profissão de garçom escapa das novas exigências do mercado. A função que era exercida pelos proprietários e suas famílias na Antigüidade Clássica passou a ser incumbência de funcionários a partir da urbanização e abertura de bares e restaurantes. E, com a profissionalização, foi-se o tempo em que apenas a experiência era o único tempero da receita de sucesso. “A área de atendimento se tornou o carro-chefe da gastronomia. A qualificação é exigência do mercado, do cumim ao chef de cozinha”, destaca Fernando Cabral, presidente de Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Distrito Federal (Abrasel-DF).
Se por um lado é uma das profissões mais demandadas, por outro, a rotatividade dos atendentes ainda assusta. “Estamos fazendo um estudo para mapear a situação na cidade. Mas adianto que ainda faltam cursos profissionalizantes”, aponta Cabral. Uma das poucas escolas a oferecer a formação na cidade, o Senac teve que adaptá-la à rotina da profissão. “Eles (os garçons) já se conscientizaram de que é importante estar preparado. Mas é difícil quando se trabalha muito. Por isso, passamos a oferecer o curso à noite”, explica Maria do Espírito Santo Batista, gerente da unidade da 915 Sul.
Com um menu diversificado, o Senac oferece cursos para todas as formações e escolaridades, como de ajudante de cozinheiro, auxiliares de limpeza, garçons, confeiteiros, pizzaiolos, saladeiro. “A gastronomia deixou de ser um hobby e as diversas ocupações abriram o leque de opções para ingresso no mercado, além das oportunidades de abrir o próprio negócio”, destaca Maria do Espírito Santo. Cursos como o de petiscos variados têm sido muito procurados por interessados em abrir quiosques, por exemplo.
Outro fator que chama atenção é a possibilidade de ascensão rápida no setor. Se por um lado um profissional pode levar 10 anos ou mais para se tornar um chef de cozinha renomado, outros podem galgar posições em pouco mais de um ano em áreas mais operacionais. É o caso de Francisco Ricardo Pereira Gomes, 30 anos. Ele começou como músico do Dom Francisco e hoje é o barman, responsável pelo bar e a adega do restaurante. “Fiz um curso e ainda acumulo a função de barista. Mas não pretendo parar. Quem sabe um dia eu possa me tornar um garçom ou até um sommelier”, almeja.
As portas também estão abertas para profissionais com formação superior. Ivana Almeida de Melo Pereira, 27, que o diga. A nutricionista que trabalhou em hospitais e clínicas foi muito bem-recebida pelo setor. De avental branco, sapato fechado e touca na cabeça, ela é responsável por assegurar a higiene, valor nutricional e sabor das refeições oferecidas pelo Mangai. “Todo mundo sai da faculdade pensando em montar um consultório ou trabalhar em um bufê, mas nem sempre o trabalho é reconhecido. Na gastronomia, tem mercado para todas as especialidades”, comemora.

http://www.correiobraziliense.com.br/impresso/